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  • Foto do escritorBarros Martini

Ser e Tempo

Atualizado: 30 de jan. de 2020

Na introdução de Ser e Tempo, Martin Heidegger nos diz que o “objeto temático” da investigação ali levada a efeito é “o ser dos entes, ou o sentido do ser em geral”; ou seja, trata-se da busca daquilo que se constitui a “questão fundamental da filosofia em geral”1 . Como sabemos, o termo ente deriva do latim (ens, entis) forjado como particípio presente do verbo sum, es, fui, esse que significa “ser, existir”. No uso corrente é um substantivo pouco freqüente, substituído quase sempre por seu infinitivo substantivado, o ser. Com efeito, ninguém diz na linguagem quotidiana “os entes vivos”, mas “os seres vivos”. Mesmo na filosofia antes de Heidegger, a distinção entre ente e ser não era tão rigorosa. No filósofo de Meßkirch, contudo, ente significa tudo aquilo que simplesmente é, indiferente a seu modo próprio de ser: “ente é tudo de que falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos”2 .


O ser, por sua vez, é o totalmente outro respeito ao ente.

Trata-se, com efeito, daquilo que se configura como o transcendental dos transcendentais, a condição de pensabilidade de toda presença concreta: o lugar de onde brota tudo aquilo que se mostra. Assim, o ser de que se fala em Ser e Tempo é o a priori universal: Enquanto tema fundamental da filosofia, o ser não é o gênero dos entes, embora diga respeito a todo e qualquer ente. A sua “universalidade” deve ser procurada ainda mais acima. O ser e a estrutura de ser se acham acima de qualquer ente e de toda determinação ôntica possível de um ente. O ser é o transcendens pura e simplesmente3 . Contudo, como pode o problema do sentido – o mais concreto e humano dos problemas – ser respondido com recurso a esta estrutura tão rarefeita e desencarnada? Heidegger responde esta questão mostrando que a investigação das estruturas últimas que consentem o acesso ao ser, única forma possível para colher seu sentido, é dada pela analítica do Dasein, pela analítica existencial que aborda o indivíduo singular, o unum real e concreto.

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